quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Fugir


Eu vivo no mundo iluminado, penso que todas as coisas são feitas para mim, não no sentido de que tudo é meu, mas tudo é para meu uso, individual ou coletivo.
Penso que as manhãs, tardes, entardeceres ou noites são feitas para suspirar quando estiver emocionado e olhar distante, tanto quanto for necessário para me perder de vista.
Que os pássaros cantam para eu poder sorrir, que os gatos grunhem para me lembrar da manhã, e que os cachorros latem para me despertar.
Que os ventos sopram-me carinho e o sol aquece meu coração com propósito. Que a água me banha densa, me cobrindo como um manto e me abraça, em todos os poros.

Mas hoje só quero fugir de tudo isso, quero um quarto cinza, uma roupa cinza, um café cinza.
Estou cansado, quero deitar num lugar nem quente nem frio, morno! Quero um lugar que ninguém queira ir, mas quero uma cama. Quero deitar e dormir, e que até meu sonho seja cinza, para que até nele eu esteja sozinho.

Preciso descansar meus ouvidos, olhos e boca. Quero fazer isso até sentir uma profunda vontade de voltar a vida e reviver cada cor, sabor, textura e temperatura, para que tudo volte ao normal.

2 comentários:

  1. Fugir as vezes é uma ótima idéia. Mas porque para um lugar cinza? Lugares cinzas lembram cidades. Vamos fugir como você mesmo disse para onde tenha o sol. Ei... vem sentir o quanto é bom um mundo azul.
    Triste e lindo o texto.

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  2. Lindo texto. Viu como não é problema escrever textos melancólicos? Por sinal, quando quiser fugir lembre que as portas de casa estão abertas aqui no Rio! Beijo!

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